Categories
Notícias

Mensagem do presidente da Câmara na sessão comemorativa online do 46º aniversário do 25 de Abril

Mensagem do presidente da Câmara na sessão comemorativa online do 46º aniversário do 25 de Abril

28/04/2020

Abril de novos exércitos   

Comemoramos hoje os 46 anos sobre a conquista da liberdade.  Uma data marcante da nossa história como povo resistente, povo resiliente, que representa a força da paz, da tolerância, dos valores cívicos fundamentais na conquista do futuro. 

Como herdeiros de um tempo novo, das liberdades democráticas, não podemos deixar de evocar esta tão importante efeméride, com os mesmos sentimentos de gratidão e orgulho na nossa “nação valente e imortal”, como diz a Portuguesa, pelos feitos da coragem e da determinação. 

Só não o fazemos de forma solene e presencial, como habitualmente. Sabemos todos por quê. Uma ameaça invisível que nos exige novas formas de estar e de agir sobre a emergência do presente e a complexidade do futuro. Paradoxalmente, festejamos a liberdade sem liberdade. É neste tempo de mediação tecnológica, de novas formas de proximidade, que nos encontramos aqui hoje a festejar as conquistas de abril.  

Vírus, quarentena, confinamento social e contágio são hoje palavras dominantes do léxico público, que impõem a alteração dos nossos hábitos de vida. E impõe novas perspetivas de pensamento sobre o mundo.

Como devemos continuar a agir sobre ele? 

Qual o papel das nossas organizações públicas e privadas?

Que futuro para a nossa comunidade?

Decidir sobre as opções mais viáveis para a salvaguarda do bem comum é um imperativo que se coloca a todas as consciências e a que urge dar cumprimento. 

Os tempos atuais exigem um reagrupar de forças e ações coletivas, não só para preservar as liberdades cívicas e políticas conquistadas, mas, com elas e por elas, redefinir prioridades de segurança, saúde e bem-estar de todos. 

Nada mais importante do que responder, agora, ao estado de emergência. Às exigências imediatas, para se salvar as vidas dos nossos concidadãos, sobretudo a dos mais vulneráveis. 

Instituições públicas de saúde, de acolhimento, autarquias, soldados da paz, forças de segurança, empresas, comunicação social, grupos de cidadãos, etc.  Todos estamos a lidar da melhor forma possível perante a ameaça desta doença pandémica. 

Muitas medidas estão em curso, muitas outras serão necessárias para retomarmos, em pleno, a missão de cada um em prol de todos. Nesta “batalha” não há divergências ideológicas, ou guerras fúteis, ou corrida aos holofotes. A política deve, mais do que nunca, estar ao serviço das pessoas. É essa a mais nobre missão que nos cabe. Com erros, como qualquer ação humana, mas na convicta firmeza ética e seriedade operacional de fazer tudo o que está ao nosso alcance pelo bem comum.   

Tal como os heróis de abril, que derrubaram um regime ameaçador sem recurso a armas, há hoje um imenso “exército de combatentes” pela conquista da liberdade que nos foi roubada por um inimigo invisível, sem rosto, do qual só se conhece o rasto de doença, medo e de morte.

Neste abril tão especial, marcante para as nossas vidas e para a história de Portugal, presto, em meu nome e do executivo municipal, uma sentida e honrosa homenagem a todos os homens e mulheres que têm cravado no rosto os símbolos da coragem, da solidariedade, da luta sem tréguas pela vida. 

A todos quantos não se poupam a esforços, arriscando a própria vida, abrindo as trincheiras do combate ao inimigo, impedindo-o de progredir, fazendo tudo para nos proteger. 

Estão na tenebrosa linha da frente todos os profissionais de saúde e auxiliares de ação médica, pois é aí que se enfrentam os maiores dramas da condição humana. 

Mas a nossa homenagem é alargada a tantas outras pessoas que, em contextos de retaguarda, em muitas frentes de ação, estão hoje a colocar o máximo que são no mínimo que podem fazer pelos outros. 

No meio do mal, neste tempo de calamidade, estamos a encontrar a força essencial, coletiva, de fazer o bem. Estamos todos à prova, pelas exigências e sacríficos nunca vistos e em tão grande dimensão.

Neste extenso e nem sempre visível exército de combatentes pela liberdade, pela salvaguarda do bem mais essencial que é a vida, devemos homenagear: 

– As Instituições de Solidariedade Social e os seus profissionais, que prestam, com risco da própria vida, os serviços de assistência e cuidados aos mais idosos e de maior risco, preservando o bem-estar dos cidadãos e utentes a seu cargo. 

– Os profissionais de proteção civil e as forças de segurança que asseguram as condições de preservação da saúde de todos, arriscando-se pela liberdade de circulação, de mobilidade interna e externa.

– Os professores, cuja dedicação inexcedível aos seus alunos, mesmo à distância, com metodologias diferentes do habitual, estão a garantir a continuidade possível de uma das mais estruturantes conquistas de abril: uma escolaridade universal em nome de uma sociedade do conhecimento, valores humanistas e de futuro.

– Os profissionais com funções de atendimento ao público, quer de prestação de serviços, quer do fornecimento de bens, mantendo as empresas em funcionamento e garantindo a satisfação dos bens essenciais à comunidade,

– As empresas em geral, o comércio local, pela resiliência de um confronto de riscos imponderáveis com impactos negativos na manutenção dos postos de trabalho e perspetivas de retoma da economia. 

– Os profissionais de transportes que, longe das famílias e rodeados de cuidados específicos para não contrair a doença em países de extrema calamidade, permitem que os bens de primeira necessidade cheguem onde fazem falta.  

– A todos os cidadãos que, de forma responsável, estão a cumprir a limitação da sua liberdade, assegurando a sua saúde e a dos outros cidadãos, acautelando e restringindo os seus hábitos de vida normais e cumprindo as orientações emanados pelas instâncias públicas. 

– A todos quantos de forma criativa, comunidade artística em geral, mas um batalhão de pessoas que da fraqueza faz força na reinvenção de novas formas de expressão, de reflexão, continuando a afirmar a cultura e as artes como tónicos fundamentais e universais do bem-estar social. 

– Permitam-me uma palavra especial, de reconhecimento, a todos os nossos funcionários do município que estão a garantir a manutenção do serviço público, nas questões essenciais, dignificando a nossa missão autárquica de auxílio a quem mais precisa. A honrar e cumprir, com dever e sentido de Estado, o nosso papel insubstituível como autarcas de proximidade, junto das populações nas horas boas e, sobretudo, nas horas más.

Por isso, uma palavra de homenagem especial também aos nossos autarcas das freguesias, homens e mulheres essenciais neste combate de estarmos com as pessoas e suprir as carências materiais, mas também afetivas, contra o isolamento, a solidão e o abandono. 

Estamos confinados, mas não parados.  Mas não desatentos às obrigações do nosso papel comum de ouvir, de estar ao lado, de fazer o melhor pelas nossas gentes. Também essa é uma grande conquista de abril: um governo local que atenda à dignidade de vida individual e coletiva, e aja com prontidão e responsabilidade perante as necessidades pontuais e desafios estruturais. É isso que estamos e vamos continuar a fazer, sem recuos.    

A todos Muito Obrigado pela consciência cívica e solidária com que estão a cumprir este desígnio Nacional, de proteger a vida e robustecer a esperança de vencer esta pandemia. Mais ainda, de estarmos melhor preparados para os desafios coletivos do futuro. 

Por isso, uma palavra para a nossas crianças, nas quais depositamos a esperança na construção desse futuro melhor, mais seguro. Estão a sentir uma interrupção inexplicável nas suas vidas, sem compreender bem as causas e consequências do que lhes está a acontecer.  

Temos todos de as confortar e transmitir uma atitude de segurança e de motivação. Para continuar a alimentar o sonho de um dia fazerem parte de um mundo em que a as ações coletivas, de perseverança e solidariedade, de conhecimento e partilha, comandam a vida.  E acreditarem que serão os principais obreiros da construção permanente, e muitas vezes ameaçada, da felicidade comum.   

Que o nosso anjo da Guarda nos proteja a todos!

Termino, parafraseando a inspiradora poesia de abril:

“Somos um povo que cerra fileiras

Parte à conquista do pão e da paz.

Somos livres, somos livres. Não voltaremos atrás.”

Todos unidos e prosseguindo os valores de Abril, sem baixar a Guarda, venceremos a Pandemia e estaremos firmes na nossa missão de continuar a fazer tudo pela nossa terra!

Saúde! 

Carlos Chaves Monteiro

25 de abril de 2020